No último mês, você deve ter visto que iniciamos um novo quadro chamado “Como funciona esse remédio?”. O objetivo é trazer informações sobre os principais medicamentos utilizados no tratamento das doenças crônicas com maior incidência, no Brasil e no mundo.
Para o segundo episódio, falaremos hoje sobre a diabetes tipo 2. Ah, mas se as suas dúvidas se referem a diabetes tipo 1, temos uma outra publicação em nosso blog, com diversas informações importantes (clique aqui para acessar). Vamos lá?
O que é a diabetes?
O termo diabetes, ao contrário do que se pode pensar, é o nome dado ao grupo de doenças que resultam em alta concentração de glicose (açúcar) no sangue. Existe mais de um tipo de diabetes, e o mais comum é o tipo 2.
A diabetes tipo 2 é caracterizada pela resistência à insulina, hormônio que controla a entrada de glicose nas células. Ou seja, a atuação da insulina é ineficiente, que não consegue realizar sua função e, portanto, o açúcar continua circulando no sangue. Enquanto isso, na diabetes tipo 1 a produção de insulina é insuficiente, mas sua atuação é normal.
Tratamentos
O tratamento da diabetes tipo 2 envolve o controle da glicemia por meio de medicamentos de uso oral ou injetável. Além disso, é necessária a adoção de hábitos saudáveis, especialmente com um plano alimentar balanceado e prática regular de atividades físicas.
Os principais medicamentos utilizados no tratamento da diabetes tipo 2 são Metformina, Gliclazida e Glibenclamida.
Metformina
Também conhecido como cloridrato de metformina, esse medicamento antidiabético pertence à classe de fármacos biguanidas. Seu mecanismo de ação está baseado na redução da produção hepática de glicose com menor ação sensibilizadora da ação da insulina e não depende da produção de insulina do organismo.
Por não estimular a produção de insulina, a metformina não apresenta altos riscos de hipoglicemia. Uma de suas maiores vantagens é que também auxilia a reduzir os níveis de colesterol e triglicérides, proporcionando a prevenção de doenças cardiovasculares.
A metformina pode ser administrada em dose única ou até três vezes ao dia, junto às refeições, seguindo orientações médicas individuais. O medicamento não é indicado para diabéticos com problemas renais ou que ingerem bebidas alcoólicas mais de duas vezes na semana.
Gliclazida
Indicado para pacientes obesos, idosos e com complicações vasculares, a gliclazida é um fármaco do tipo sulfonilureia. Tem alta eficácia nos casos em que as mudanças na dieta, perda de peso e exercícios físicos não são suficientes para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Ao contrário da metformina, a gliclazida estimula a produção de insulina pelas células beta de organelas chamadas ilhotas de Langerhans. Resumidamente, estimula o pâncreas a liberar insulina no momento e na quantidade certa, controlando assim as taxas de açúcar no sangue.
Segundo o médico endocrinologista Marcelo Maia Pinheiro, em palestra na Associação Matogrossense de Atenção ao Diabética (Amad):
“A Gliclazida é considerada uma 'sufa' de segunda geração, ou seja, um medicamento mais moderno. Nele, a molécula foi modificada para causar menos hipoglicemia. Com isso, o paciente que é diabético ganha menos peso. O medicamento tem uma parte da molécula que têm efeitos anti-inflamatórios e protetores para o diabético. O que diminui os eventos cardiovasculares, principalmente acidente vascular cerebral, derrame cerebral e mortalidade cardíaca geral, gerando um benefício muito grande”.
Glibenclamida
A glibenclamida é um fármaco que pertence à mesma classe da gliclazida, a sulfonilureia, mas, diferente daquela, ela atua também diminuindo a resistência à insulina.
Outra diferença entre os dois medicamentos é que a glibenclamida não é indicada para pacientes com predisposição a doenças coronarianas, pois aumenta o risco de desenvolvê-las.
Há inclusive um debate sobre a gliclazida ser considerada uma medicação mais segura que a glibenclamida. Entretanto, a segunda possui alta tolerabilidade e efeito hipoglicemiante detectável em até 24 horas após dose única. Dessa forma, alguns pacientes podem se beneficiar mais deste tratamento do que com a gliclazida.
É importante dizer que, em muitos casos, faz-se necessário a associação entre a metformina e a glibenclamida ou metformina e gliclazida, devido aos seus mecanismos de ação serem complementares.
Orientações gerais
Não podemos deixar de dizer que todo e qualquer tratamento antidiabético deve ser realizado sob acompanhamento médico próximo e regular. Os efeitos da hipoglicemia, condição comum entre os diabéticos, podem afetar a qualidade de vida e as atividades cotidianas: náusea, vômitos, disfunções visuais, tonturas, entre outros.
Por isso, é imprescindível que o paciente relate ao médico qualquer efeito colateral ou sintoma durante o tratamento, para que seja possível ajustar doses ou realizar a associação entre os medicamentos mais indicados no caso.
Por fim, nos tratamentos com os três fármacos, não é excluída a necessidade de hábitos de vida saudáveis. Conte sempre com um médico de confiança para cuidar de si.
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Referências:
BD. Medicamentos - BD. Disponível em: https://www.bd.com/pt-br/our-products/diabetes-care/diabetes-learning-center/diabetes-education/oral-treatment/medicines
Consulta Remédios. Gliclazida: bula, para que serve e como usar. Disponível em: https://consultaremedios.com.br/gliclazida/bula
Goverdo de Mato Grosso. SES aponta benefícios do medicamento Gliclazida no tratamento de diabetes. Disponível em: http://www.mt.gov.br/-/21822791-ses-aponta-beneficios-do-medicamento-gliclazida-no-tratamento-da-diabetes
Sarah Faria - Mentora Farma. Metformina x Glibenclamida x Gliclazida (vídeo). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k_EUaUZVC74
Saúde Direta. Modelo de Bula: DAONIL, Glibenclamida. Disponível em: https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/daonil.pdf
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