Hoje damos início à série especial "Como funciona esse remédio?"! Nesse e nos próximos episódios você irá conhecer um pouco mais sobre os principais medicamentos indicados para o tratamento de diversas doenças, especialmente crônicas. Para o primeiro episódio, selecionamos uma condição que provavelmente afeta alguém do seu convívio: a hipertensão.
A hipertensão arterial é uma das condições crônicas mais comuns atualmente. No Brasil, são mais de 2 milhões de novos casos diagnosticados todo ano. Por isso, entender sobre seu funcionamento e as formas de tratamento é essencial para promover saúde à população geral. Em um post anterior, já abordamos as formas de prevenção da hipertensão (clique aqui para acessar) e no post de hoje falaremos sobre os principais sintomas, algumas características e, principalmente, sobre os medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão arterial.
O que é a hipertensão?
Conhecida popularmente como “pressão alta”, a hipertensão arterial é definida como aquela acima de 14/9 e, em casos mais graves, pode chegar a 18/12. A origem da condição está associada a diversos fatores, incluindo fatores hereditários, sobrepeso, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e cigarro, estresse, excesso de sal na dieta, entre outros.
Como resultado da hipertensão arterial ocorre a dilatação do coração e danos nas artérias e, com o passar do tempo, aumenta o risco de desenvolver diversas doenças cardiovasculares e outras complicações, com destaque para doença renal crônica.
Tratamentos
Agora que sabemos um pouco sobre a hipertensão, vamos falar sobre o tratamento. O principal tratamento para casos leves é a mudança de hábitos, que envolve: readequação alimentar, prática regular de atividades físicas, controle no consumo de sal e bebidas alcoólicas, redução do sobrepeso e de fontes deo estresse. De forma geral, deve-se levar uma vida saudável.
Quando necessário, o médico pode indicar medicamentos para controle da pressão arterial. Destacamos que o tratamento medicamentoso é essencial para controle da hipertensão arterial e para prevenção de outras complicações se saúde. O paciente deve sempre realizar a aferição da pressão arterial rotineiramente com um profissional de saúde e utilizar os medicamentos conforme prescrição médica.
Para que você entenda um pouco mais sobre as opções de tratamento, abordaremos agora os principais tipos de medicamentos e suas características.
Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA)
Essa classe de medicamentos inclui nomes como captopril, enalapril, lisinopril, ramipril, entre outros. Segundo o portal Heart Failure Matters, as medicações do tipo ECA bloqueiam os efeitos de um hormônio produzido pelos rins, a angiotensina II, o que provoca relaxamento dos vasos sanguíneos e, consequentemente, reduz a pressão arterial. Na prática, o coração não necessita de tanta força para “empurrar” o sangue pelo corpo.
Diuréticos tiazídicos
Essa classe engloba medicamentos como Hidroclorotiazida (Drenol®), Clortalidona (Higroton®, Hygroton®), Indapamida (Natrilix®, Indapen®, Fludex®, Vasodipin®) e Metolazona (Diulo®). De acordo com o artigo de revisão de Michel Batlouni, os diuréticos tiazídicos foram os fármacos mais utilizados no tratamento de hipertensão arterial nos últimos 40 anos, inclusive reduzindo a morbidade e a mortalidade relacionadas à doença.
Estudos indicam que essa classe de medicamentos possui efeito anti-hipertensivo significativo mesmo em doses baixas; entretanto, devem ser administrados em casos de hipertensão ambulatorial, ou seja, não emergenciais.
Diuréticos de alça
Os representantes mais comuns dessa classe são Furosemida (Lasix) e Bumetanida. Utilizados no tratamento de casos mais graves de hipertensão, os diuréticos de alça possuem alta eficácia e tempo de meia-vida mais curto, sendo indicados, inclusive, quando há presença de insuficiência renal ou cardíaca. Os diuréticos de alça são indicados para o tratamento de urgências hipertensivas e controle sintomático de doenças edematosas, como insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão, síndrome nefrótica e cirrose hepática.
Bloqueadores dos Canais de Cálcio e Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina (BRA)
Fazem parte dessa classe fármacos como Losartana (nome comercial: Cozaar), candesartana (Atacand), eprosartan (Teveten), irbesartan (Avapro), telmisartan (Micardis) e valsartana (Diovan). Comumente utilizados para tratamento de insuficiência cardíaca, os medicamentos tipo BRA possuem atuação idêntica aos ECA, mas, por possuírem valor elevado, geralmente são reservados aos pacientes que não toleram os inibidores da ECA.
Bloqueadores adrenérgicos
Composta principalmente por atenolol, carvedilol, metoprolol e nebivolol, a classe de bloqueadores adrenérgicos atua nos receptores beta-adrenérgicos e alfa-adrenérgicos, reduzindo o tônus simpático, o débito cardíaco e, consequentemente, a pressão arterial.
Apesar de sua atuação, os bloqueadores adrenérgicos não são a primeira escolha de tratamento anti-hipertensivo, pois não foram encontradas evidências suficientes sobre sua eficácia em reduzir o risco de doença arterial coronariana e da mortalidade.
Vasodilatadores diretos
Os principais medicamentos dessa classe são hidralazina e minoxidil. Utilizados geralmente em casos graves de hipertensão e em tratamentos de longo prazo, os vasodilatadores de ação direta atuam especificamente sobre a musculatura lisa vascular, aumentando o calibre arterial, reduzindo a resistência vascular periférica e, consequentemente, a pressão arterial (KUBOTANI, Kelvin). A hidralazina possui ação dilatadora em vasos e artérias, mas não se estende às veias, e sua absorção é hepática e geralmente fácil. Por esse mesmo motivo, não é indicada em casos de problemas nos rins ou fígado.
Já o minoxidil possui ação vasodilatadora baseada na abertura dos canais de potássio (K+) das membranas celulares das células de musculatura lisa vascular. Apesar de não possuir eficácia vasodilatadora sobre as veias, é altamente eficaz sobre as artérias. Quando utilizado no tratamento anti-hipertensivo, o minoxidil deve ser administrado em conjunto a um beta-bloqueador e um diurético de alça.
Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)
Os bloqueadores dos canais de cálcio são fármacos comumente utilizados no tratamento contra hipertensão. Dentro dessa classe, há uma subdivisão: bloqueadores dos canais de cálcio dihidropiridinas e bloqueadores dos canais de cálcio não-dihidropiridinas.
Os BCC dihidropiridinas possuem grande efeito vasodilatador e, por isso, são altamente recomendados para quadros hipertensivos. Pertencem a esse grupo medicamentos como Nifedipina, Amlodipina (Anlodipino), Nicardipina, Felodipina, Lercanidipina, Nitrendipina.
Já os bloqueadores dos canais de cálcio não-dihidropiridinas possuem menor eficácia em sua ação vasodilatadora. Por outro lado, podem diminuir a frequência cardíaca e a contratilidade do coração, sendo boas opções para pacientes com arritmias ou doença isquêmica cardíaca. São exemplos desse grupo de medicamentos: verapamil e diltiazem.
Orientações gerais
É primordial que pacientes diagnosticados com hipertensão realizem acompanhamento médico com frequência. Durante as consultas, o médico irá avaliar o quadro clínico e decidir o melhor medicamento para iniciar o tratamento. Como vimos neste post, há diversos fármacos disponíveis para o tratamento anti-hipertensivo e cada classe possui características próprias. Dessa forma, a avaliação e a anamnese são papéis imprescindíveis, a fim de analisar a interação das substâncias químicas dos medicamentos com o organismo e, a depender do caso, com outras medicações.
Para a prevenção e tratamento da hipertensão arterial, não se descarta também a adoção de hábitos saudáveis, principalmente relacionados à alimentação e prática de exercícios físicos regulares.
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Referências:
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