Quando Sophie Wheldon descobriu que tinha leucemia, o choque foi grande. Ela definitivamente não estava esperando pelo diagnóstico: apesar dos exames por conta de uma infecção no peito, leucemia não estava entre os itens prováveis de diagnóstico. Esse é um relato pessoal publicado pelo Portal G1, mas também faz parte da história de milhares de pessoas com leucemia no mundo.
Isso porque os sinais do surgimento da doença não são facilmente identificados e, mesmo quando são, podem ser confundidos com outras complicações ou até manifestações comuns do estresse do dia a dia. Uma pesquisa da organização Leukaemia UK, do Reino Unido, revelou que menos de 1% dos pacientes consegue relacionar os sintomas, que incluem fadiga, hematomas, sangramento incomum e infecções repetidas, à leucemia.
Para o tratamento da leucemia, uma das abordagens mais eficazes é o transplante de medula óssea, visto que é um tipo de câncer que tem sua origem associada às células da medula óssea.
Como a leucemia age nas células?
Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), a medula óssea é um tecido esponjoso encontrado no centro dos ossos, responsável pelo desenvolvimento de células que circulam no sangue. A medula produz diversos tipos de células, nos processos chamados de hematopoiese e diferenciação. Entretanto, em indivíduos com leucemia, as células adoecidas pelo câncer atrapalham a produção e diminuem o número de células saudáveis que circulam no sangue.
Por conta da fácil circulação, a maior parte dos tipos de leucemia costumam progredir rapidamente e demandam intervenções urgentes e eficazes.
O transplante de medula óssea para o tratamento de leucemia
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) define o transplante de medula óssea como um tratamento alternativo a doenças do sangue, que consiste na substituição de uma medula óssea doente por células saudáveis de medula óssea. Ele pode ser realizado de forma autogênica, quando as células saudáveis são do próprio paciente, ou alogênico, quando vem de um doador.
As primeiras buscas por doadores compatíveis são realizadas com familiares. Segundo o próprio INCA, a compatibilidade é determinada por um conjunto de genes do cromossomo 6, que devem ser iguais ao do receptor. No entanto, muitas vezes a busca por familiares compatíveis é em vão, e parte-se na procura por um doador não relacionado; as chances de compatibilidade, neste caso, são de 1 em 100 mil. Por isso é tão importante promover a campanha de doação de medula óssea.
Como funciona a doação?
Para ser um doador de medula óssea, você deve estar cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) e manter as informações atualizadas, para o órgão poder entrar em contato quando necessário. Caso seja reconhecido como doador potencial, você e o receptor serão submetidos ao exame de histocompatibilidade (HLA). Se o teste for positivo, você passará por uma série de outros exames para comprovar seu estado de saúde, o que pode incluir hemogramas, exames de sangue, de urina e vários tipos de exames cardiológicos, ecocardiograma, eletrocardiograma e Holter. Se tudo estiver saudável, a doação é agendada.
Existem dois tipos de doação de medula óssea: o primeiro é através de punções no osso do quadril/região pélvica superior, e o segundo por aférese, com a coleta realizada diretamente pelas células sanguíneas. A escolha depende da avaliação de um médico especializado, que determina a melhor abordagem para cada caso.
A doação por punção ocorre em centro cirúrgico sob efeito de anestesia local ou geral e, por isso, o paciente deve ficar internado por 24 horas. O procedimento leva cerca de 90 minutos, nos quais ocorrem de 4 a 8 punções.
Já a doação por aférese dura entre 3 e 4 horas. Nos dias que antecedem a coleta, o doador deve ingerir uma medicação que estimula a produção e liberação das células-tronco no sangue. O volume do sangue retirado para doação varia entre 10 e 15ml/kg; portanto, um doador com 60kg pode doar até 900ml, quantidade recuperada pelo próprio organismo dentro de poucos dias.
Quero ser um doador de medula óssea! O que devo fazer?
As informações oficiais publicadas no site do REDOME são:
Procurar um hemocentro no seu estado (UF) de residência
Agendar uma consulta de esclarecimento sobre a doação de medula óssea
Assinar voluntariamente um termo de consentimento livre e esclarecido e preencher uma ficha com informações pessoais
Realizar a coleta de 10ml de sangue para análise, que será analisado pelo exame de HLA. Depois, seus dados e tipo de HLA estarão disponíveis no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea.
Quando houver um paciente com possível compatibilidade, os responsáveis entrarão em contato para consultar sobre sua decisão de doar a medula óssea. Em caso positivo, serão realizados os exames que descrevemos neste post.
A RenovatioMed apoia e incentiva a campanha de Doação de Medula Óssea. Acreditamos no poder de um gesto simples, que pode salvar uma vida!
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Fontes:
Associação Brasileira de Linfomas e Leucemia. Leucemias. Disponível em https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/.
G1. ‘Não tinha ideia de que minha infecção no peito era leucemia’. Disponível em https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/09/06/nao-tinha-ideia-de-que-minha-infeccao-no-peito-era-leucemia.ghtml
Revista ABRALE. Doação de medula óssea. Disponível em https://revista.abrale.org.br/doacao-de-medula-ossea/
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